CARTA ABERTA AO GOVERNADOR DE SANTA CATARINA
Senhor Governador Raimundo Colombo,
No momento em que a classe do magistério se mobiliza para promover a paralisação, destacando que parte desses profissionais já paralisou, numa busca que vai além da reivindicação de melhores salários. Nessa luta está inclusa a apresentação do plano de carreira, aprovação do Plano Nacional de Educação, implementação de um plano de saúde coerente com as necessidades dos profissionais do magistério, melhores condições de trabalho e respeito ao que já está aprovado acerca da hora atividade. Essas ações irão promover o desenvolvimento social e econômico do Estado de santa Catarina que já é considerado, segundo pesquisas, expoente no ensino Nacional.
Amparados no argumento exposto, nos parece pertinente reforçar o pedido do que já está garantido em Lei, o piso salarial do magistério. Um dos principais pontos desencadeadores desse movimento, prol educação de qualidade. Solicitamos que Vossa Excelência considere os pleitos da classe que hoje percebe um dos menores salários do país, fato considerado vergonhoso, pois denigre a imagem do nosso estado e impede um desenvolvimento sócio/econômico mais efetivo. Sem uma educação de qualidade, compreendendo educação de qualidade como uma educação cidadã, o capital humano deixa de ser valorizado, consequentemente o Estado deixa de ganhar em termos de desenvolvimento e qualidade de vida.
Percebemos coerência em seu discurso, sua retórica demonstra competência e conhecimento de causa quando defende nossas reivindicações de forma positiva, porém, faz-se necessário passar do discurso para a prática, isso só vai reforçar seu potencial para governar nosso estado.
O manifesto ora deflagrado pela classe nada tem contra a vossa pessoa, sim pela situação preocupante que se encontram aqueles que sobrevivem da nobre função docente. A situação é de angústia, se não fossem os empréstimos consignados que povoam os holerites da maioria dos profissionais da área educacional a situação seria mais grave. O professor virou refém permanente de empréstimos para honrar seus compromissos. Como ensinar se nos falta a tranqüilidade necessária? A Síndrome de Burnout é hoje, entre os professores, uma triste realidade que requer ações urgentes no sentido de preservar a saúde física e mental desses profissionais.
A profissão exige que nos apresentemos bem diante de nossos alunos, que tenhamos condições de adquirir livros, materiais audiovisuais e participar de cursos de formação continuada. Somente os cursos virtuais fornecidos pelo Ministério da Educação e pela Secretaria Estadual de Educação não nos bastam. Também, há muito tempo estamos com nossa vida social prejudicada, sentimos falta de mais viagens, cinemas, filmes, teatros... precisamos ampliar nosso universo cultural, além de banir o estresse.
Nossas lutas são históricas, a questão salarial e melhores condições de trabalho sempre foram focadas. Somos obrigados a trabalhar 60 horas e muitas vezes levados a outras atividades envolvendo finais de semanas e, até algumas madrugadas, para honrar compromissos profissionais e de chefes de família.
Apostamos na negociação, pois o respeito deve envolver, principalmente, o aluno que merece uma educação que enfrente os desafios do nosso século. Merece um ambiente sadio, acolhedor. Muitos alunos vêm à escola em busca de atenção e merenda e, essa questão pode servir como ponto de partida para ganhá-lo para o processo educacional. Esses alunos não podem, não devem encontrar a escola fechada. Por essas razões não aderimos à greve, mas estamos solidários ao movimento e estamos buscando mecanismos com os quais possamos nos inserir nessa luta.
Preferimos ficar em sala de aula, mas lutando por uma educação significativa, pois acreditamos ser ela, o único instrumento capaz de promover a igualdade social em nosso país, considerando direitos e deveres, promovendo uma cidadania mais ética.
Senhor Governador, acreditamos em suas propostas de governo e dentre elas estão previstas a melhorias na educação. E, convenhamos, não há como melhorar a qualidade educacional sem a devida valorização do professor.
PROFESSORES DA EEB SANTA CRUZ DA 26ª SDR CANOINHAS SC E OS 200 FUTUROS PROFESSORES DO CURSO MAGISTÉRIO.